Manaus, Rio e São Paulo já deveriam estar em lockdown, diz pesquisador da USP
"Em municípios como Manaus, Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro e São Paulo, essas medidas extremas já deveriam ter sido tomadas, e não estarmos ainda discutindo se vamos ou não. A diferença nisso é o número de vidas salvas", defendeu ele. "Essas capitais já estão numa saturação extremamente preocupação do uso de leitos para atender a população e temos visto diariamente mortes acontecendo por falta de atendimento", acrescentou.
Até esta quarta-feira (6), três estados tinham anunciado medidas de isolamento total. No Maranhão, a capital São Luís e outros municípios da região metropolitana iniciaram o lockdown na terça (5). No Pará, o isolamento total será feito na capital Belém e outras nove cidades entre 7 e 17 de maio. Com o terceiro maior número de casos do país, o Ceará terá lockdown na capital, Fortaleza, a partir da próxima sexta-feira (8).
O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), disse que a possibilidade de um lockdown é uma das alternativas estudadas pela administração, mas que ainda não é o momento. O estado de São Paulo é o mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, com a capital sendo o epicentro da doença.
Com isso, o pesquisador afirma que o Brasil não deve se tornar o novo epicentro mundial da doença, mas já está nesse patamar. "Eu não acho que o Brasil vai ser tornar o epicentro. A nossa opinião é que o Brasil é o epicentro", classificou. "A nossa taxa de novas mortes por dia já passa de várias situações similares ao que foi apresentado no auge da epidemia na Itália. Proporcionalmente na mesma época que a Itália estava vivendo o tempo parecido com a epidemia aqui, já temos um número de óbitos superior ao que era observado lá. Então já somos o epicentro mundial", completou.
Alves avaliou que a população tem relaxado nas medidas de isolamento social por conta das informações contraditórias que têm sido passadas pelas autoridades e que isso provocou o maior número de casos e mortes pela Covid-19. "A despeito de ter começado a se organizar bastante antecipadamente em relação à chegada do vírus, o Brasil perdeu a mão na hora de fazer o gerenciamento. Isso porque a população, que não é a culpada, vê situações contraditórias", disse.
Apesar disso, o professor disse acreditar que o Brasil ainda tem chance de conter a concretização das estimativas negativas -- e que isso deve ser feito em conjunto com os cidadãos. "Temos chance. A população precisa ter uma visão clara, inclusive dos governantes, de que a situação é urgente, prinicipamente nas capitais brasileiras, e de que essas medidas têm que ser assumidas. Se isso começar a acontecer a partir de agora, talvez a gente consiga reverter os cenários mais drásticos que estamos começando a ver", concluiu.
Fonte CNN Brasil