Campos Neto defende aplicar 2 milhões de vacinas por dia para reabrir a economia
Presidente do Banco Central disse acreditar que a atividade econômica voltará a funcionar normalmente no segundo semestre de 2021
Após admitir que o Brasil está "um pouco" atrasado na vacinação contra a Covid-19, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse acreditar que a atividade econômica voltará a funcionar normalmente no segundo semestre de 2021. Além disso, ele defendeu a aceleração da vacinação para que essa reabertura seja ainda mais rápida.
"Se aumentarmos de 1 milhão para 2 milhões [de doses aplicadas] por dia, o impacto na economia, em termos de uma reabertura mais cedo, é enorme", disse em evento virtual sobre os desafios para a política monetária no Brasil, promovido pelo Itaú Unibanco.
"Não parece muito, quando se fala aumentar apenas 1 milhão, mas significa muito", completou. O BC costuma acompanhar a curva de vacinação e as consequências e, segundo Campos Neto, as últimas simulações mostram que é preciso comprar mais doses para vacinar a população o mais rápido possível.
"A curva muda drasticamente quando você aumenta fortemente a primeira etapa da vacinação. Então, eu acho que todos os esforços deveriam ser nessa direção", reforçou.
Campos Neto almoça com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nesta terça-feira (6). A pauta do encontro, no entanto, não foi divulgada.
Economia aprendeu a viver
O chefe da autoridade monetária voltou a dizer que o impacto do repique da pandemia na economia brasileira será menor e mais curto do que o observado no ano passado.
"Eu acho que a economia aprendeu, de certa forma, a viver nesse mundo pandêmico, por isso o efeito da segunda onda é menor do que a anterior", explicou.
Ele admitiu, no entanto, que há uma preocupação em relação a um possível desabastecimento interrompendo autônomos, em função das medidas restritivas e da crise econômica. "Isso pode ter um efeito cascata na economia", destacou.
Campos Neto também ressaltou que a troca entre o custo e benefício de gastar mais no combate à pandemia é muito pequena. "Se eu digo que vou entrar em calamidade para gastar R$ 20 bilhões a mais, eu posso te garantir que os efeitos econômicos vindos da perturbação do mercado e nas macro variáveis serão muito maiores do que o efeito que você terá ao gastar R$ 20 bilhões a mais. Temos que ser muito cautelosos em relação à narrativa que será usada", defendeu.
Questionado sobre os impasses em relação ao Orçamento de 2021, ele avaliou que "a explicação sobre o Orçamento não foi boa o suficiente".
"Acho que a incerteza em relação a isso criou um prêmio fiscal e precisamos explicar o que será feito, porque eu acho que precisamos remover isso. Acho isso relativamente fácil de ser feito", complementou.
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