Em razão de ter triplicado o valor do fundo eleitoral, a Câmara visa certamente, em conluio com o STF, inviabilizar a compra das impressoras que possibilitariam a implementação do voto auditável para as próximas eleições.
O Congresso Nacional acaba de aprovar, para o Fundo Eleitoral de 2022, uma previsão orçamentária no montante de R$ 5,7 bilhões. Isso significa que os partidos políticos terão à disposição, para financiamento das campanhas eleitorais no próximo ano, mais que o triplo do valor autorizado em 2018, que era de R$ 1,8 bilhão.
Essa é uma decisão insensata e absolutamente divorciada da realidade. Os parlamentares ignoram que o País vive uma crise sanitária sem precedentes, agravada por uma crise social e econômica com mais de 14 milhões de desempregados, outros milhões de subempregados e uma extensa faixa da população vivendo abaixo da linha da pobreza.
Num momento em que a República vive um déficit fiscal e orçamentário assustador, a pandemia ainda não foi debelada, o enfrentamento da covid-19 consome boa parte da arrecadação da União, dos Estados e dos Municípios e os investimentos em obras públicas estão prejudicados pela escassez de recursos, os deputados e senadores dão mais uma vez um péssimo exemplo à Nação.
O aumento dos recursos do Fundo Eleitoral aprovado no âmbito do orçamento geral da União para 2022 precisa ser urgentemente revisto e revogado. Essa decisão agride o senso de justiça e revolta a sociedade brasileira em face da insensibilidade da classe política. Os legítimos interesses nacionais foram, nesse caso, vergonhosamente subordinados aos interesses partidários e eleitorais.
Com o sistema de saúde trabalhando no limite, a Nação esperava dos senhores parlamentares uma atitude de maturidade e compreensão em relação às melancólicas condições que moldam a realidade brasileira.
Entre tantas emergências e prioridades que pairam sobre a vida nacional, os parlamentares que aprovaram esse dispensável e execrável aumento dos recursos do Fundo Eleitoral prestam um desserviço ao País, pois levam milhares de cidadãos a descrer de valores essenciais, como a democracia, o papel do parlamento e a justiça social.
A Redação
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