Maternidade precoce, falta de uma rede de apoio, além da dificuldade em si de entrar no mercado de trabalho são algumas das dificuldades apontadas por pesquisadora
Pesquisa do ObservaDF, que é vinculado ao Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, aponta que as mulheres ainda enfrentam dificuldades para se inserir no mercado de trabalho. Esta condição faz com que o número de mulheres que não trabalham nem estudam seja maior que o de homens, entre os 15 e 29 anos. Elas representam 31,7%, já entre eles o percentual é de 23,5%.
Para entender melhor o fenômeno, a pesquisa “O que o jovem quer? A inserção no mercado de trabalho dos jovens no DF” desmembra a faixa etária citada acima em três grupos: o primeiro com pessoas entre 15 a 17; o segundo 18 a 24 e o terceiro 25 a 29. No primeiro os percentuais entre os que estudam, estudam e trabalham e não estudam e não trabalham são muito parecidos entre mulheres e homens. Respectivamente, 83,4% e 82,4% só estudam. Os que não estudam e nem trabalham representam 10% e 9,1%, também seguindo a mesma ordem.
Ainda de acordo com a pesquisa, ocorre uma espécie de transição entre a atividade de estudar e trabalhar e a diferença começa a aparecer. Entre os homens, 34% trabalham, enquanto que entre as mulheres, o número não passa de 24,3%. Entre os que não estudam e nem trabalham, os percentuais chegam a 30,8% entre os homens e 38,6% entre as mulheres.
No terceiro grupo, composto por pessoas de 25 a 29 anos, os números se apresentam assim: 65% dos homens só trabalham, enquanto que 21,4% não estudam e nem trabalham. Entre as mulheres: 53,5% só trabalham e 34,4% fazem parte dos nem-nem.
De acordo com a professora e pesquisadora do ObservaDF Andrea Cabello, essas dificuldades podem impor obstáculos que terão consequências para essas famílias por uma vida toda, possivelmente.
“A maior representação de meninas na categoria “nem-nem”, ou seja, aqueles jovens que não trabalham e nem estudam, pode estar relacionada aos desafios da maternidade precoce e a falta de uma rede de apoio para acomodar as necessidades dessas jovens nos estudos e na entrada do mercado de trabalho”, aponta.
Ainda de segundo a pesquisa, os dados citados sugerem que não só a inserção no mercado de trabalho é um processo difícil, em que a transição da escola para a vida profissional não ocorre de forma imediata ou linear, mas também perpassa questões de gênero que devem ser levadas em consideração.