A abertura do festival acontece hoje com a exibição do longa “Meu Tio José”
Escrito e dirigido por Ducca Rios e com voz original de Wagner Moura, Tonico Pereira e Lorena Comparato, filme mobiliza público, principalmente jovem e a crítica, ao contar, pelo olhar de uma criança, a história familiar de um ex-guerrilheiro assassinado na ditadura
O Festival Internacional de Cinema de Brasília (BIFF), pioneiro no setor ao realizar um festival no formato híbrido, comemora dez anos em 2022. O evento acontecerá entre os dias 23 e 30 de setembro. O evento promove uma grande e merecida homenagem em memória de Agnes Varda, diretora belga-francesa, referência e ícone do cinema feito por mulheres. Além disso, promove o BIFF JR, que oferece ao público presente uma programação internacional diversa, e também o Mosaico Brasil O Novo Cinema Brasileiro, pela primeira vez no BIFF, uma aposta potente na vitrine e janela de produções nacionais que dialogam com novas tendências, conteúdos e olhares.
Em meio às vésperas das eleições no país e ao cenário de polarização política, o Festival Internacional de Cinema de Brasília -- que acontece em formato híbrido entre os dias 23 e 30 de setembro -- selecionou para exibição o longa-metragem ‘Meu Tio José’. O filme será apresentado no dia 27 de setembro, às 09h, no Cine Brasília; no mesmo dia, às 14h, no SESC Gama; no dia 28 de setembro, às 09h, no Complexo Cultural de Planaltina; e dia 29 de setembro, às 14h, no SESC Taguatinga. A produção baiana é baseada em fatos reais e promete mobilizar o público, principalmente jovem e a crítica, ao contar, pelo olhar de uma criança, a história familiar de um ex-guerrilheiro assassinado na ditadura. O momento no Festival de Brasília também representa o aquecimento da obra para a estreia nacional no circuito independente, a partir do dia 27 de outubro deste ano.
Com produção executiva de Maria Luiza Barros e distribuição no Brasil da Tucuman, o filme desenvolvido no formato animação conta, sob o olhar de uma criança, Adonias, o assassinato de José Sebastião de Moura, tio de Ducca e membro do grupo de esquerda “Dissidência da Guanabara”, que participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em 1969. “É uma obra importante, cíclica. Começa num golpe e vai ser lançada durante um outro golpe. Ela toca as pessoas porque faz essa revisita, lembrando esse evento trágico da minha infância, que remete a tantas lembranças com ele. Quando meu tio foi assassinado, eu tinha apenas dez anos de idade, foi um choque para mim e toda a família. A partir dali, comecei a entender o que é uma ditadura militar e esse filme é a minha resposta para uma realidade bruta que nos deixou cicatrizes”, destaca o diretor, que completa: “Foi meu tio que me ensinou a nadar, ele brincava muito comigo e com meu irmão”, conta. Aliando essas boas memórias afetivas ao trabalho com cinema, Ducca decidiu homenageá-lo com seu primeiro longa-metragem chamando atenção para um crime até hoje sem resposta. “Tem muita coisa ficcional, usando a simbologia da época, como o próprio ato de ilustrar, de fazer um filme todo desenhado a mão, mas boa parte é baseada em fatos reais”, revela.
Historicamente, José permaneceu exilado durante dez anos, antes de retornar ao Brasil, onde foi morto em um crime com evidências fortes de motivação político-ideológica e que permanece sem solução. Na trama, o conflito principal se dá a partir de uma redação que Adonias tem que escrever na escola, mesmo dia em que seu tio sofre o atentado, em 1983, sendo depois levado ao hospital em estado grave. Daí em diante, Adonias tem que lidar com a tristeza de sua família, com as desavenças na escola e com a angústia de ter que cumprir a tarefa pedida pela professora.
De acordo com Ducca, a classificação 14 anos do filme também simboliza a oportunidade de conversar com o público jovem sobre momentos relevantes da história e estimular a importância de exercer a cidadania desde cedo.
Nas vozes dos personagens, Wagner Moura representa José e ficou muito entusiasmado com o projeto. “Apoio, assino embaixo. Fico contente, ainda mais na linguagem que Ducca escolheu, a animação, pouco comum no cinema brasileiro”. Já Lorena Comparato empresta sua voz à professora Adriana, enquanto Tonico Pereira tem sua voz ligada ao diretor da escola. A trilha sonora conta com cinco canções de Chico Buarque, com uma roupagem rock’n roll e em versões totalmente instrumentais: Roda Viva, Construção, Deus lhe pague, “O que será, porém”, e “Apesar de Você”, única com voz, interpretada por Lirinha, vocalista do Cordel do Fogo Encantado.
O longa ‘Meu Tio José’ também coleciona importantes participações, incluindo ter sido um dos finalistas na categoria Contrechamp, em 2021, no Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, o maior e mais importante festival de animação do mundo, ter sido finalista no Prêmio Quirino, em 2022, maior honraria do cinema de animação Ibero-americano, ter estreado no Brasil na Mostra Internacional de São Paulo, em 2021, ter sido finalista no Festival do Rio, em 2021, ter feito parte da seleção oficial de mais de 15 festivais internacionais e ter ganhado, até o momento, três prêmios internacionais, nos festivais FICIMAD (Madrid), VIFF (Vancouver) e Animation Studio (Paris).
Trailer: Link
Confira as exibições do longa ‘Meu Tio José’ no Festival Internacional de Cinema de Brasília:
Dia 27/09, às 09h, no Cine Brasília;
Dia 27/09, às 14h, no SESC Gama;
Dia 28/09, às 9h, no Complexo Cultural de Planaltina;
Dia 29/09, às 14h, No SESC Taguatinga.
Confira a programação completa e os filmes selecionados para o BIFF 2022:
Link do festival
Sobre Ducca Rios:
Ducca Rios é roteirista, diretor, ilustrador e músico. Graduado em Comunicação Social, tem pós-graduação em Computação Gráfica e é Mestre em Políticas Sociais. Ele é Diretor Criativo na Origem Produtora de Conteúdo, já tendo dirigido diversas séries em animação para canais como Disney Jr., ZooMoo, entre outros, e também diversas séries documentais. Por seu trabalho, Ducca já foi premiado no Granimado, FICI e Mostra Internacional de Cinema Infantil de Florianópolis. ‘Meu Tio José’ é o seu primeiro longa-metragem.
Sobre Origem Produtora de Conteúdo:
Origem Produtora de Conteúdo é uma produtora baseada em Salvador (BA). O DNA da empresa tem como principal característica o esforço criativo no desenvolvimento de projetos com grande qualidade técnica, que são, em sua maioria, séries em animação para a TV e filmes.
Entre os trabalhos desenvolvidos estão as séries em animação: “Tadinha”, “Bill, o touro”, “Turma da Harmonia”, “Fábulas de Bulccan”, “Tori, a detetive”, “Belatrix”, “Billy e Catarina” e “Lampz”. Além das séries documentais: “Saberes Passados”, “Quem foi seu mestre”, “Warlove”, “Bicos” e “Cícero”. A empresa coproduziu também a série ficcional “Frequência Positiva”, realizou o longa-metragem em animação “Meu Tio José”, “Revoada” (em pré-produção), os projetos de longa-metragem “Panglyn” e “A Lenda de Brave Lee”, além da co-produção com o México para realizar o filme “La Marca Del Jaguar”, em pré-produção neste momento.
Elenco Principal:
Wagner Moura -- José
Tonico Pereira -- Diretor da escola de José
Cauã Levi -- Adonias
Arthur Nascimento -- Pedro
Sophie Mendonça -- Luiza
João Caetano -- Torquato criança
Ian Trigo -- Ludo
Lorena Comparato -- Adriana
Jackson Costa -- Torquato
Bertrand Duarte -- Silvestre
Evelin Butchegger -- Vanete e diretora da escola de Adonias
Neyde Moura - Aracy
Equipe principal:
Ducca Rios -- Autor, roteirista, diretor e diretor de arte
Maria Luiza Barros -- Produtora executiva
Marcelo Vitz -- Assistente de direção
Chandler Vaz -- Diretor de arte
Luciano Silva -- Diretor musical e engenheiro de som
Campo 4 -- Animatic
Mário Alves -- Animação tradicional
Aída Queiroz -- Consultora de arte
Geraldo Moraes -- Script Doctor