Em apenas um dia, mais de 240 feridos no Sudão são atendidos por MSF no Chade

Cerca de 130 pacientes precisam de cirurgia, mas a unidade de saúde está no limite da capacidade


Com o aumento da violência no estado de Darfur Ocidental, no Sudão, um grande número de feridos está chegando ao hospital da cidade de Adré, no Chade. Eles estão sendo atendidos por equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) e do Ministério da Saúde. Somente na última quinta-feira (15), pelo menos 242 pessoas foram atendidas na instalação. Nos últimos três dias, o hospital de Adré recebeu pelo menos 342 sudaneses feridos.

Na sexta, 16, mais de 50 pessoas feridas já haviam dado entrada na unidade de saúde. Entre os pacientes atendidos nos últimos dias, cerca de 130 precisam de cuidados cirúrgicos. Alguns estão sendo encaminhados para outros hospitais na cidade de Abéché, também no Chade.

“A situação é, francamente, aterradora. Mas todos estão fazendo o máximo que podem”, disse o Dr. Seybou Diarra, coordenador do projeto de MSF em Adré. “Tivemos que dar alta a pacientes pediátricos estáveis para trazer a equipe médica da pediatria para ajudar. Profissionais adicionais do Ministério da Saúde do Chade também trabalham conosco, e alguns dos profissionais fora de serviço foram chamados de volta para ajudar. Mas, com apenas uma equipe cirúrgica no local, em breve estaremos sobrecarregados novamente na sala de cirurgia”

Uma grande parte dos feridos vem de El Geneina, capital do estado sudanês de Darfur Ocidental, e seus arredores, onde a violência tem sido contínua e intensa. Fontes locais relatam que pelo menos 1.100 pessoas foram mortas em El Geneina desde que o conflito começou, em meados de abril.

“Depois de quase dois meses, só agora começamos a ver pessoas conseguindo escapar de El Geneina e chegar ao Chade”, explicou Claire Nicolet, coordenadora de programas de emergência de MSF. “No entanto, em meio a relatos de ataques em larga escala nesta semana, é possível que milhares de pessoas permaneçam presas na cidade.”

Equipes de MSF, que atuam em Adré desde 2021, montaram uma pequena unidade cirúrgica de emergência no hospital distrital há um mês, em resposta ao conflito que se espalha do outro lado da fronteira, no Sudão. Também estão sendo expandidas as atividades médicas para atender às crescentes necessidades dos refugiados sudaneses na área.

Aproximadamente 6 mil pessoas fugiram de El Geneina e se refugiaram em Adré nos últimos dias, juntando-se a mais de 100 mil outras que já fugiram do Sudão em busca de segurança no leste do Chade desde meados de abril.
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