Um lado político insiste em desviar o foco, mas qualquer omissão em relação ao 8 de janeiro precisa ser apurada
Durante a reunião da CPI da Câmara Legislativa desta quinta-feira (24), dia da oitiva do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Thiago Manzoni reafirmou o seu posicionamento de que os culpados devem ser responsabilizados, independentemente de quem sejam. Segundo o distrital, um lado político insiste em desviar o foco, mas toda omissão sobre o 8 de janeiro precisa ser apurada.
Mesmo discutindo vários temas na CPI da Câmara Legislativa, a atenção central é sobre o presidente Bolsonaro, que mantém influência mesmo após sair do cargo. “O presidente Bolsonaro é o único líder político que existe no Brasil hoje que arrasta multidões. Ele saiu da presidência e continua a exercer sobre a população Brasileira a sua liderança. Portanto, apesar de tratar de outros assuntos, é só porque Bolsonaro continua sendo o centro do debate político. Está prestes a completar 8 meses que ele não é mais presidente, mas ele continua no centro. A direita continua no centro do debate político com nossas ideias, valores e princípios, e de alguma maneira, Bolsonaro personifica esses valores e princípios e, por isso, sofre críticas. Assim, quanto mais críticas recebe, mais cresce”, disse Thiago Manzoni.
Na reunião da CPI, Manzoni reafirmou que o debate político continuará acontecendo. Por muitos anos, a esquerda dominou a conversa política no Brasil e eles se acostumaram a isso. “Durante muitos anos, a esquerda falou sozinha, não havia debate político no Brasil, era um monólogo em que só a esquerda falava. Então, eles acham que incorporaram o poder e a própria democracia. Um deputado que me antecedeu falou assim: ‘Desta vez, não permitiremos que eles não sejam presos’. Não! Calma aí. Ainda temos um poder judiciário. Não é a esquerda que decide o que acontece ou não numa nação. No entanto, eles estavam tão acostumados a falar sozinhos, a não ter contrapontos, que pensam que incorporaram a democracia em si mesmos”, protestou o parlamentar.
Thiago Manzoni observou que os discursos mudam à medida que a realidade se revela. Os discursos dos parlamentares de direita permaneceram consistentes, mas a perspectiva da outra ala mudou. Isso ficou evidente no comportamento do General Gonçalves Dias, que foi considerado inapropriado, senão criminoso. “— ‘Calma aí, não podemos focar no General Gonçalves Dias, vamos mudar de assunto, senão ficará muito perto do Palácio do Planalto, muito perto do Ministério da Justiça’. A CPMI pede as imagens das câmeras. — ‘Não, não podemos mostrar as câmeras’. Por que não mostrar as câmeras do Ministério da Justiça? Qual é o problema em mostrar o que aconteceu no dia 8? Não se deseja a verdade? Então, nada aqui foi relativizado, ao contrário, sempre saiu da boca do deputado Daniel de Castro, da deputada Paula, do deputado Joaquim Roriz Neto e da minha boca, que aqueles que cometeram crimes devem ser punidos pelos crimes que cometeram. Entendemos que o Estado de direito no Brasil adota o princípio da presunção de inocência, que se aplica a todos. Compreendemos que as condutas precisam ser individualizadas e precisam. Não há crime coletivo, e agora está acontecendo e a verdade está diante de todos nós. Portanto, as condutas não apenas daqueles que invadiram, mas também das autoridades públicas que eventualmente se omitiram, precisam ser investigadas e individualizadas.”
Fotos: Jeremias Alves