Transplantes de medula óssea crescem 16% no DF; saiba como ser um doador

Até agosto de 2023 foram feitos 135 procedimentos. Secretaria de Saúde oferece via SUS intervenção autóloga, quando são usadas células do próprio paciente

Em 2022, Carlos Antônio Sales foi diagnosticado com mieloma múltiplo, uma doença que afeta as células da medula óssea. Durante o tratamento, ele chegou a pesar apenas 59 quilos. Foto: Arquivo pessoal.

Com aumento de doadores efetivos, o Distrito Federal apresenta crescimento no número de transplantes de órgãos, tecidos e medula em 2023. Até agosto de 2022, foram 501 procedimentos. No mesmo período deste ano, o total somou 543. No caso de transplante de medula óssea – que aumentou 16% até o momento, passando de 116 para 135 –, há o reforço de intervenções do tipo autólogo, quando o paciente pode ser o seu próprio doador.

Esse tipo de procedimento é uma importante ferramenta para o tratamento do paciente de câncer. “É um reforço para se atingir os melhores resultados de um tratamento inicial para linfomas, tumores sólidos e mieloma múltiplo”, explica a Referência Técnica Distrital (RTD) em hematologia, Nina de Oliveira. Após retirada de células-tronco, o paciente é submetido a altas doses de quimioterapia. “Assim, quando chegar o momento do transplante [infusão], ele já foi submetido a um processo de controle da doença e aumentam as chances de cura”, acrescenta a especialista.

O procedimento é realizado pela rede do DF e, por meio de contrato, na rede complementar com o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), onde Carlos Antônio Leopoldino Sales, de 62 anos, foi atendido. No fim de 2022, ele recebeu um diagnóstico devastador: mieloma múltiplo, uma doença que afeta as células da medula óssea, comprometendo sua produção e amadurecimento. Após 16 dias em tratamento com quimioterapia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base, foi encaminhado para o transplante de medula óssea.

Durante o tratamento, Carlos Antônio, que tem 1,80m de altura, chegou a pesar apenas 59 quilos. Hoje, seis meses depois do transplante e com 87 quilos, ele celebra a nova fase. “O transplante salvou a minha vida. Viva o SUS! Não tenho nem ideia de quanto isso custaria em um hospital particular, eu jamais teria condições. Minha vida mudou muito depois do transplante, eu não faço tudo o que fazia antes, mas estou muito bem e feliz. Para mim, foi um milagre.”

A Diretora da Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal, Gabriella Ribeiro Christmann, destaca que, no caso do transplante de medula óssea, o tempo muitas vezes determina o sucesso do procedimento. “Queremos dar celeridade no processo de transplantes para atender o maior número de pacientes possíveis”, aponta.

Seis meses após o transplante e com 87 quilos, Carlos celebra sua recuperação e a melhora da qualidade de vida. Foto: Arquivo pessoal

Como ser doador de medula

Nem sempre é possível realizar o transplante de medula autólogo, portanto, é importante ter doadores cadastrados. Vale destacar que para cadastro é apenas coletado sangue da pessoa interessada em doar. Caso, no futuro, seja identificada compatibilidade com alguém que necessita do transplante, o doador é acionado para o procedimento.

São requisitos:

- Ter entre 18 e 35 anos, 8 meses e 29 dias de idade.

- Estar em bom estado geral de saúde,

- Não ter doença infecciosa ou incapacitante (confira a lista de doenças impeditivas https://redome.inca.gov.br/doencas-impeditivas-do-cadastro-e-da-doacao/).

O processo de cadastro como doador voluntário de medula óssea requer agendamento prévio no site de Serviço de Agendamentos do Distrito Federal (https://agenda.df.gov.br/). No dia e horário agendados, basta comparecer ao Hemocentro de Brasília (https://www.fhb.df.gov.br/doacao-de-medula-ossea/#:~:text=Como%20se%20cadastrar,-O%20atendimento%20para&text=O%20interessado%20deve%20comparecer%20ao,as%20caracter%C3%ADsticas%20gen%C3%A9ticas%20do%20doador.) com um documento de identidade oficial com foto.

O sangue coletado passa por exame de histocompatibilidade (HLA), que identifica as características genéticas do doador. Essas informações são encaminhadas ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome https://redome.inca.gov.br/).

Os dados do doador serão periodicamente cruzados com os dados de pacientes que necessitam de transplante, a fim de verificar a compatibilidade. O doador permanece registrado até completar 60 anos de idade. Portanto, é essencial manter suas informações pessoais atualizadas, especialmente os números de telefone.

Sistema nacional

O Sistema Nacional de Transplantes (STN), cuja função de órgão central é exercida pelo Ministério da Saúde, é responsável pela regulamentação, pelo controle e pelo monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país. Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.

Para doação de órgãos, é fundamental que a pessoa interessada deixe clara para a família a sua vontade de doar. No Brasil, a doação só pode ser realizada com a autorização da família.

O InfoSaúde, portal de transparência da SES-DF, disponibiliza informações no Painel de Transplantes (https://info.saude.df.gov.br/transplantes/).

Para mais informações, contate-nos pelo e-mail: entrevista.saudedf@saude.df.gov.br
Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação

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