Durante os primeiros oito meses de 2023, a média foi de 107 por milhão de habitantes, o maior do país, segundo dados do Ministério da Saúde
Marcos Antônio Gomes doou um rim para salvar a vida da irmã em 1987. Em 2023, ganhou um coração e um rim novo. Foto: Michelle Horovits/Agência Saúde-DF |
A capital federal está entre os melhores índices de transplantes de órgãos e tecidos do país. De janeiro a agosto de 2023, a média de transplantes de órgãos por milhão de habitantes no Distrito Federal foi a maior do país, com 107,2. A média nacional é de 43,1, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Em números absolutos, de janeiro a agosto de 2023 foram 543 transplantes de órgãos, medula óssea e córnea no DF. No mesmo período de 2022, o total somou 501. O transplante de rim é o que mais cresceu, passando de 64 para 93. Em 2023, até agosto, também foram feitos 21 procedimentos de coração, 81 de fígado, 93 de rim, 135 de medula e 213 de córnea.
Graças ao gesto de solidariedade de muitas famílias, Marcos Antônio Gomes, de 61 anos, recebeu um coração em junho e um rim em setembro deste ano, experimentando um pouco da generosidade que também já ofereceu. Em 1987, ele doou um rim para salvar a vida da irmã.
“Todo o meu tratamento foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Tenho uma vida nova, uma nova data de nascimento. Eu penso muito na família que autorizou a liberação do coração. Muitos têm a ideia de que o coração guarda a personalidade da pessoa, mas isso não existe. Doar é um gesto de amor, de desprendimento. Eu agradeço muito à família que doou e à toda a equipe que cuidou de mim”, conta com gratidão.
Casado há 17 anos, depois de dois transplantes, Marcos Gomes só sonha em se recuperar e levar a esposa para viajar. “O sonho dela é conhecer Israel. Vou dar um jeito de levá-la um dia, afinal, sem sonhos não há vida, não é mesmo?”, reflete.
Doadores
O Distrito Federal também integra a lista das unidades da Federação com os maiores números de doadores efetivos por milhão de habitantes, em sétimo lugar. No entanto, o potencial de doação é o maior do Brasil, o que indica que o número de doadores poderia ser maior.
“Cerca de 85% desses órgãos [transplantados] vêm de outros estados”, explica a diretora da Central Estadual de Transplantes do DF, Gabriella Ribeiro Christmann. “Em transplantes de córnea, caímos para terceiro, uma vez que dependemos de doação de dentro do DF. É fundamental que você compartilhe sua vontade de ser um doador com sua família”, incentiva.
Em 2022, a taxa do DF era de 14,2 doadores por milhão, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), enquanto a média nacional foi de 17 pessoas a cada um milhão de habitantes.
A doação de órgãos só ocorre com a autorização da família. Por isso, é essencial comunicar suas intenções de doar órgãos. No caso de doações de rins ou parte do fígado em vida, é preciso ser parente de até 4º grau. O Sistema Estadual de Transplantes (SET), liderado pela Central Estadual de Transplantes, é a espinha dorsal dessa rede de esperança, assegurando que os órgãos cheguem às pessoas que precisam deles.
“Todos somos potenciais doadores. Precisamos mudar alguns conceitos que ainda são errados. Nossas escolhas de vida ou o nosso histórico médico não são limitadores”, reforça a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio. A maior demanda no cenário nacional atualmente é por doações de rins, com 32 mil pacientes na lista de espera, incluindo 667 residentes da capital federal.
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No DF, no Hospital de Base e no Hospital Universitário de Brasília são feitos os procedimentos para rim e córnea, enquanto o Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF (ICTDF) faz transplantes de coração, rim, fígado, córnea e medula óssea.
José Flávio dos Santos é só alegria depois de ganhar um coração novo. Ele agradece toda a equipe do SUS e do ICTDF que acompanhou sua recuperação. Foto: Michelle Horovits/Agência Saúde-DF |
Doando vida
José Flávio dos Santos sofreu com a doença de Chagas por anos, até que seu coração não suportou e ele entrou na fila de transplante em fevereiro de 2022. Por conta de complicações da enfermidade, o paciente teve direito à prioridade. “Antes eu não conseguia fazer nada que cansava, não conseguia escovar os dentes, caminhar, não tinha vida. Eu ficava na cama o tempo todo”, relembra.
O coração compatível para José chegou de Goiânia em 19 de setembro de 2023 e mudou a vida dele. Emocionado, ele é só agradecimento à equipe médica. ”Estou só esperando a alta para ir embora. A pessoa que doa um órgão doa vida. Hoje eu tenho vida.”
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Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação