Empreender é, por si só, desafiador, mas trabalhar com quem se confia pode facilitar esse processo, o que leva muitos casais que tentaram abrir os seus próprios negócios. Fatores como confiança, compartilhamento de responsabilidades e motivação mútua os levam a seguir por este caminho. Entretanto, existem alguns empecilhos como falta de fronteiras entre trabalho e vida pessoal que colocam em risco esses negócios e esses relacionamentos.
Kênia e André Gama venceram os desafios. Kênia, especialista em desenvolvimento humano, empreendedorismo feminino e vendas, conta que foi o marido quem deu a partida no sentido do empreendedorismo. O início foi anos atrás, quando abriram uma agência de Turismo de negócios para atender o setor público de Brasília. Depois, o casal partiu para o setor de eventos. Com muito trabalho, conseguiram começar a faturar — e mudar de vida. Saíram da periferia, adquiriram casa própria e a filha estudava em colégio particular. Apesar do sucesso, o negócio quebrou e o casamento entrou em crise.
“Estava pronta para me divorciar quando, na audiência, meu marido e eu voltamos. A juíza perguntou se eu ainda gostava dele e pediu que fizéssemos o “dever de casa” durante um mês.
Foi transformador. Nunca mais nos separamos”, conta Kênia. O casamento, hoje, de 22 anos, é também uma sociedade entre o casal. Kênia e o marido faturam milhões através do desenvolvimento profissional e pessoal, ajudando a transformar vidas, negócios, marcas e eventos.
Para ela, delimitar bem as tarefas de cada um e equilibrar bem as demandas são elementos fundamentais para o negócio funcionar. “Com muito respeito, organização e proatividade entre a dupla, a empresa consegue funcionar, mas é preciso ter tarefas e responsabilidades bem delimitados, de forma justa e igualitária”, afirma Kênia.
Vida pessoal X profissional
Kênia explica que o maior desafio para todo casal que empreende é separar a vida pessoal da profissional. É preciso ter maturidade para diferenciar os eventos que ocorrem no trabalho e no dia a dia pessoal. “Isso só funciona com limites muito bem estabelecidos com relação ao horário de trabalho e de descanso. Um comentário ou outro sobre o trabalho em casa, ainda vai, mas tudo com cuidado para que as fronteiras não se confundam”, recomenda Kênia.
Roupa suja se lava no particular
Outra coisa que Kênia chama a atenção é sobre críticas e fofocas pessoais. Uma das coisas que mais enfraquece os negócios familiares são as discordâncias e brigas em público. “Aqui em casa também temos um acordo, nosso casamento em primeiro lugar. Então, não deixamos que as chateações do âmbito profissional se estendam ao relacionamento. Como sócios e cônjuges, somos pares, e assim como temos o acordo de não discutir na frente dos filhos, também fazemos isso com relação aos nossos colaboradores”, explica Kênia.
Discordâncias devem ser resolvidas
Além disso, Kênia destaca que ambos precisam manter-se neutros em relação a possíveis desentendimentos entre si e sua vida profissional. Ela recomenda que se o casal tem um desentendimento pessoal, resolva em casa, durante o meu tempo livre e o mais rápido possível, para não dar chance de que isso seja levado para o trabalho. Se a divergência surge no trabalho, é preciso resolver também no ambiente profissional, com as devidas estratégias de gestão de pessoas, sempre mantendo respeito e formalidade, como se faria com um colega. “Mas sempre buscando resolvê-las no local adequado para isso, para que a parceria não se fragilize e as desavenças não invadam os relacionamentos”, afirma.
Por um mesmo objetivo
Kênia conta que, antes de começar a empreender, a parceria precisa estar bem alinhada sobre os seus objetivos pessoais e profissionais e sobre as habilidades que cada um tem. Os cargos em uma empresa precisam ser estabelecidos pela competência. Ter claros os valores de cada um, enquanto profissionais, e os valores da empresa que vai nascer é fundamental. Tanto para a vida do casal quanto para a sociedade, é preciso ter isso muito bem alinhado, para estabelecer metas claras para cada um e a empresa. “Desta forma, saberão como cobrar resultados e onde querem chegar. Ainda por cima, a dupla consegue ter o estímulo de alguém que se ama e também dividir as conquistas de cada um e do empreendimento. Isso não tem preço”, concluiu.
