Doença é mais suscetível em cães, mas também pode ocorrer em gatos e humanos. Só há transmissão por meio da picada do mosquito infectado
A Zoonoses do DF oferece o exame de leishmaniose para cachorros. Foto: Breno Esaki/Arquivo/Agência Saúde-DF |
A leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa, que afeta não só cães e gatos, mas também seres humanos. Há dois tipos da doença: a leishmaniose tegumentar (LT) ou cutânea e a leishmaniose visceral (LV) ou calazar. De janeiro até agosto de 2023, foram registrados no Distrito Federal 21 casos de leishmaniose tegumentar e dois da visceral, mas nenhum óbito. Os dados acendem um alerta, tendo em vista que o período chuvoso é mais propício à contaminação e ao aumento de casos da doença.
O mosquito palha é o principal vetor de transmissão das duas formas da leishmaniose e os locais de reprodução utilizados por eles são matéria orgânica em decomposição como, troncos, folhas e frutas apodrecidas que costumam ficar embaixo das árvores. Pelo fato de o DF ter uma área verde considerável, é importante destacar as ações de prevenção, pois há tanto a presença do vetor, quanto dos reservatórios em todo o território.
“É preciso reforçar a importância das pessoas realizarem e manterem a limpeza de seus quintais; evitar trilhas e exposição em locais com presença do vetor, principalmente no final da tarde e início da noite; incentivar o uso de repelentes”, salienta a enfermeira da área técnica das Leishmanioses, Thayanne Santos.
Segundo ela, as medidas mais utilizadas para a prevenção e o combate da doença se baseiam no controle de vetores e dos reservatórios, na proteção individual, no diagnóstico precoce e tratamento dos doentes, no manejo ambiental e na educação em saúde.
Características
A leishmaniose tegumentar caracteriza-se pela apresentação de feridas, podendo surgir erupções cutâneas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Já a leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea, podendo causar a morte se não tratada corretamente.
A detecção da enfermidade pode ocorrer por meio de demanda espontânea às unidades de saúde e de busca ativa de casos em áreas de transmissão. Após a identificação, a Vigilância Epidemiológica atua visando conhecer as características epidemiológicas do caso (forma clínica, idade e sexo) e atividade econômica relacionada à contaminação; identificar se o paciente é proveniente de área endêmica ou se é um novo foco; e orienta a realização de busca ativa de novos casos para caracterizá-los clínica e laboratorialmente.
“Após a confirmação diagnóstica, os casos são enviados à Diretoria de Vigilância Ambiental [Dival], responsável pela realização da pesquisa entomológica. Nela, há definição das espécies de flebotomíneos envolvidos na transmissão e avaliação se o local provável de infecção é o DF para verificar a necessidade de adoção de medidas de controle”, informa a enfermeira.
Thiago Sabino foi diagnosticado com leishmaniose em meados de janeiro e faz acompanhamento até hoje por prevenção. Alerta foi ferida no teto com dificuldade de cicatrização. Foto: Arquivo Pessoal |
Caso em humano
O empresário Thiago Sabino, morador da Asa Norte, foi diagnosticado com leishmaniose no início deste ano. Primeiro, surgiu um machucado no dedo indicador direito que não sarava com nenhum medicamento. Em consulta na rede complementar, a médica chegou a questionar se ele havia ido à zona rural, como a resposta foi negativa, a hipótese de leishmaniose foi descartada.
No entanto, na consulta de retorno, ao ver o ferimento, outro profissional pediu para averiguar mais profundamente. Thiago foi encaminhado ao Hospital Universitário de Brasília (HUB), referência no tratamento da doença, onde foi feita a biópsia.
“O resultado foi leishmaniose leve. Comecei a fazer o tratamento na semana seguinte. Tomava a medicação nas Unidades Básicas de Saúde [UBSs], porque precisava ser na veia”, narra o empresário. “O medicamento tem muitos efeitos colaterais e deixa a gente cansado ao extremo. Tive que utilizá-lo por quase um mês. O tratamento medicamentoso terminou, mas, pelos próximos cinco anos, continuo sendo acompanhado pela equipe do HUB”, acrescenta.
Animais
O médico veterinário e gerente de Zoonoses, Isaías Chianca, destaca que a transmissão da doença só ocorre por meio do mosquito infectado e que o cão é um possível reservatório da enfermidade. Por isso, quando positivo para a doença, o indicado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), seguindo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS), é a eutanásia do animal contaminado. No entanto, o tutor pode optar pelo tratamento, disponível na rede privada, mas não indicado porque o animal continua sendo uma fonte transmissora.
“Na Zoonoses, recolhemos o sangue do animal e fazemos o teste. A partir do resultado de exame oficial positivo, oferecemos a opção de eutanásia sem nenhum tipo de custo. No caso da leishmaniose, o melhor tratamento é a prevenção. Sugerimos o uso de repelentes, seja em spray, líquido ou coleiras repelentes. Estas últimas devem ser trocadas antes de seu vencimento”, orienta Chianca. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
O gerente destaca ainda que os gatos são mais difíceis de serem picados pelos mosquitos palhas, por conta de seus hábitos, pois são animais que costumam ficar em locais mais altos e os mosquitos geralmente voam em uma altura de até 70 centímetros.
Isaneide Silva, de 31 anos, levou a cachorra Frida para fazer o teste de leishmaniose após fazer o resgate e adoção do animal, que sofria maus tratos. Ela esteve na Zoonoses e fez o exame. Felizmente, o resultado foi negativo. “Hoje ela está com a saúde perfeita. Já se adaptou com a nova rotina na minha casa e com a companhia das minhas outras duas cachorras. Todas estão devidamente vacinadas e saudáveis. Sou uma dona bastante cuidadosa com elas”, afirma.
Prevenção das leishmanioses
– Evitar construir casas e acampamentos em áreas muito próximas à mata;
– Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde;
– Evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata;
– Utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença;
– Usar mosquiteiros para dormir;
– Usar telas protetoras em janelas e portas.
Para mais informações, contate-nos pelo e-mail: entrevista.saudedf@saude.df.gov.br
Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação