O chamado turismo Halal consiste na adaptação de hospedagens, restaurantes e demais serviços para receber os muçulmanos adequadamente, ou seja, respeitando preceitos religiosos
São Paulo, 14 de dezembro de 2023 – Na última segunda-feira (11), a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS e o governo do Distrito Federal - por meio das secretarias de Relações Internacionais (Serinter) e de Turismo (Setur) – assinaram um protocolo de intenções para promover o turismo Halal em Brasília.
Na prática, significa adequar meios de hospedagem, restaurantes e demais serviços turísticos de acordo com as determinações da religião islâmica. “Chamamos de Halal tudo o que é permitido ao muçulmano de acordo com o Islam”, explica Ali Zoghbi, vice-presidente da FAMBRAS. “É um conceito que se aplica à alimentação, cosméticos, fármacos, finanças, serviços e ao turismo também, movimentando cifras vultosas”.
Para acolher bem um turista muçulmano, por exemplo, um meio de hospedagem deve disponibilizar o livro sagrado do Islam, o Alcorão; oferecer tapetes para oração, bem como sinalizar a direção à cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita - para onde eles se voltam ao orar.
Outras medidas recomendadas são informar endereços de mesquitas e horários de oração no fuso local; não colocar bebidas alcóolicas no quarto e oferecer um cardápio de alimentação Halal, ou seja, com opções que não contenham nada proibido para o consumo – como derivados de suíno.
De acordo com a consultoria Crescent Rating, o turismo Halal movimentará US$ 225 bilhões até 2028. Até o final deste ano, são esperados 140 milhões de desembarques de viajantes muçulmanos em todo o mundo, chegando a 160 milhões em 2024.
Próximos passos – A FAMBRAS atuará neste projeto com a International Halal Academy, capacitando profissionais do setor de turismo, e com a FAMBRAS Halal, primeira certificadora Halal do Brasil. De acordo com Delduque Martins, diretor de Projetos e Relações Institucionais da Federação, nos próximos 90 dias será desenvolvido um plano de trabalho para o governo do Distrito Federal.
“Também criaremos um Comitê Executivo – com representantes da FAMBRAS, da FAMBRAS Halal, da International Halal Academy e da Secretaria de Turismo (Setur)”, diz Martins. “Outras medidas são a definição de um calendário com os cursos de capacitação e qualificação dos profissionais de turismo e dar início à certificação de hotéis e restaurantes”.
A expectativa da FAMBRAS para 2024 é capacitar 1500 profissionais que atuam na hotelaria e prestação de serviços de turismo e chancelar, ao menos, três redes hoteleiras.
“Estas são apenas algumas medidas para que Brasília se torne um destino Halal ou muslim-friendly”, reforça Ali Zoghbi. “A FAMBRAS não medirá esforços para proporcionar à estrutura de turismo toda a qualificação e conhecimento necessários para atender bem o público muçulmano – que já representa ¼ da população mundial”, finaliza.
Sobre a FAMBRAS
Fundada em 1979, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS é uma referência em se tratando do Islam no Brasil – uma religião que conta com 1,9 bilhão de fiéis no mundo de acordo com dados do Instituto Pew Research Center.
A FAMBRAS atua nos âmbitos religioso, social, cultural, econômico e diplomático por meio de projetos educacionais, culturais e assistenciais - tanto em benefício dos muçulmanos como de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Outra missão é combater o preconceito aos muçulmanos por meio da informação.
O trabalho da Federação conta com o apoio da FAMBRAS Halal - a primeira instituição certificadora Halal do Brasil, em operação desde 1979. É líder de mercado, atua em toda a América Latina, e realiza auditorias, abate, inspeção, supervisão de produtos e implantação do Sistema de Garantia Halal junto a empresas interessadas em comercializar seus produtos especialmente para os países islâmicos.
Trata-se de um mercado crescente que, com base no Relatório do Estado da Economia Islâmica Global 2022, movimentou, em 2021, cerca de US$ 2 trilhões somente nos segmentos de alimentação, fármacos, cosméticos, moda, entretenimento e turismo – um montante que deve aumentar para US$ 2,8 trilhões em 2025.