Água contaminada expõe população a diversas doenças: saiba principais sintomas e como se prevenir

Período de chuvas alerta para enchentes e aumento do risco de veiculação de enfermidades hídricas como tétano e leptospirose

Em casos de alagamentos ou enchentes, as pessoas podem sofrer lesões no contato com destroços e adoecer por tétano acidental, por exemplo. Foto: Tony Winston/Agência Saúde-DF

O período de chuvas intensas tornam mais frequentes enchentes e alagamentos de algumas regiões do Distrito Federal. Nesse cenário, especialistas da Secretaria de Saúde (SES-DF) alertam para o risco de doenças que podem ser transmitidas por meio da água contaminada. As doenças de veiculação hídrica são causadas pela presença de micro-organismos patogênicos - bactérias, vírus e parasitas - na água. O contágio ocorre pela ingestão ou por contato direto da pele com as fontes.

Referência Técnica Distrital (RTD) de Medicina da Família e Comunidade da SES-DF, Alice Ponte afirma que a exposição à água contaminada causa, principalmente, doenças gastrointestinais. “A pessoa passa a apresentar sintomas como diarreia, náusea, vômitos, dores abdominais e, eventualmente, febre”, detalha.

Nesse rol está ainda a leptospirose. Com a água infectada, a urina de roedores e outros animais pode entrar em contato com a pele humana, se houver exposição por longo período. Os sintomas mais comuns incluem febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, além do surgimento de icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) em casos mais graves. A doença precisa de atenção médica, pois pode causar hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória.

Para o diagnóstico de leptospirose, são realizados testes de triagem em pacientes das regiões afetadas e que apresentam os sintomas. O material é encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF) e podem ser necessárias até duas amostras para confirmação do caso.

A gerente de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis e de Transmissão Hídrica e Alimentar (Gevitha), Renata Brandão, lembra que o período também aumenta o risco de transmissão de tétano. “Em casos de alagamentos ou enchentes, as pessoas podem sofrer lesões no contato com lixo e destroços e adoecer por tétano acidental”, explica. Não só. A profissional acrescenta que após as chuvas, a população deve ainda se atentar a possíveis acidentes por animais peçonhentos: “Eles costumam procurar abrigo em locais secos, que podem ser residências ou entulhos.”

Principal orientação é evitar ao máximo interação com a água contaminada, seja pelo consumo ou pelo contato direto, como no banho. Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

Como se proteger?

A principal recomendação é tentar evitar ao máximo a interação com a água infectada, seja pelo consumo, tanto da água quanto de alimentos, ou pelo contato direto, como no banho. “Se houver necessidade de andar em áreas alagadas ou com lama, a pessoa deve utilizar proteção como botas, luvas e óculos, e proteger ferimentos expostos com cobertura impermeável”, pontua a RTD.

A orientação de evitar o consumo de alimentos estende-se aos embalados e enlatados que tiveram qualquer contato com a água da inundação ou lama, assim como perecíveis - frutas, legumes e verduras.

Como forma de se proteger, a população afetada deve também:

* Lavar a área exposta com água e sabão assim que possível, com especial atenção às mãos e, em caso de impossibilidade, pode-se utilizar álcool;

* Lavar as roupas contaminadas com água quente e sabão antes de reutilizá-las;

* Em caso de sofrer ferimentos ou cortes dentro da água de enchente, deve-se procurar o serviço de saúde para avaliar a necessidade de reforço da vacina antitetânica;

* Procurar atendimento médico se ocorrer acidente com animal peçonhento ou se surgir sintomas como febre, dores no corpo, vômitos e diarreia.

Água para consumo

Nos casos das regiões atingidas por enchentes, a água para consumo humano deve ser a indicada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) ou filtrada (com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo) e, posteriormente, fervida. “A fervura da água elimina bactérias, vírus e parasitas. Por isso, é o método mais indicado”, diz Brandão.

Em situações nas quais não seja possível ferver, é necessário obter água de uma fonte que não tenha sido contaminada por esgoto e realizar a filtragem. Logo depois, deve-se adicionar hipoclorito de sódio (2,5%), distribuído pelo Ministério da Saúde em frascos de 50ml. A entrega é realizada por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) das regiões afetadas.

A solução precisa repousar por 30 minutos. A proporção de água por gotas deve seguir o disposto:

* Para 1 litro de água utilizar 2 gotas de Hipoclorito de sódio (2,5%);

* Para 20 litros de água utilizar 1 colher das de chá de Hipoclorito de sódio (2,5%);

* Para 200 litros de água utilizar 1 colher das de sopa de Hipoclorito de sódio (2,5%);

* Para 1.000 litros de água utilizar 2 copinhos de café (descartável) de Hipoclorito de sódio (2,5%).

Atendimento

Se houver suspeita e/ou sintomas, especialmente em populações que estejam em áreas alagadas, o usuário precisa buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, porta de entrada do cidadão ao Sistema Único de Saúde (SUS). É possível encontrar a UBS de referência por meio do site InfoSaúde, [link: https://info.saude.df.gov.br/buscasaudedfubs/] adicionando o Código de Endereçamento Postal (CEP).

Para mais informações, contate-nos pelo e-mail: entrevista.saudedf@saude.df.gov.br
Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação
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