Conheça mais sobre a origem do inseto, ciclo de vida e como evitar a proliferação do mosquito que transmite doenças como dengue, febre chikungunya e zika
Arte: Agência Saúde-DF |
Apesar de pequeno, o Aedes aegypti é capaz de causar grandes males. Nas últimas três décadas, mais de 10 mil brasileiros morreram por conta das doenças transmitidas pelo mosquito, como dengue, chikungunya, febre amarela e zika. O mosquito surgiu na África, por isso seu nome significa “odioso do Egito”. E há muitas décadas vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo.
No Brasil, chegou durante o período colonial, relata o professor Rodrigo Gurgel, do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB). “O mosquito chegou durante o tráfico de escravos. Em 1920 já era considerado um problema devido à transmissão da febre amarela. Ele foi eliminado do Brasil usando inseticidas, mas no final de 1970 já se via os mosquitos novamente no Brasil. Na década de 1980, o inseto se tornou um problema como vetor da dengue”, explica.
Segundo o professor, um dos motivos que desencadeou a infestação de mosquitos nos grandes centros urbanos foi o aumento da temperatura e a intensidade das chuvas, que favorecem os criadouros, gerando mais mosquitos. “O aumento de pessoas infectadas circulando nas ruas favorece uma maior quantidade de fêmeas infectadas e facilita a disseminação do vírus. Outros fatores como a falta de saneamento básico e o aumento da população urbana contribuem também para o aumento da quantidade de mosquitos e dos vírus nos centros urbanos”, expõe.
O Aedes aegypti mede menos de um centímetro e tem listras brancas no tórax, cabeça e pernas. A fêmea é a responsável pela transmissão das doenças, porque precisa de sangue para a maturação dos ovos. Em geral, mosquitos sugam uma só pessoa a cada lote de ovos que produzem. Mas o mosquito da dengue tem uma peculiaridade chamada “discordância gonotrófica”, que significa que é capaz de picar mais de uma pessoa para um mesmo lote de ovos que produz. Segundo o Instituto Oswaldo Cruz, há relato de que um só mosquito da dengue transmitiu dengue para cinco pessoas de uma mesma família, no mesmo dia.
Profissionais da Vigilância Ambiental trabalham na erradicação de focos do mosquito Aedes aegypti e, sobretudo, na conscientização da população do Distrito Federal. Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF |
O ciclo de vida do mosquito contém quatro fases: adultos, ovos, larvas e pupas. Em condições ideais, leva de 7 a 10 dias para que o ciclo de vida se complete. Os adultos vivem em média de 30 a 45 dias. Por isso, interromper este ciclo com a fiscalização caseira semanal é fundamental.
O diretor de Vigilância Ambiental da Secretara de Saúde do DF (Dival/SES-DF), Jadir Costa Filho, detalha que o ovo de Aedes aegypti pode sobreviver por mais de um ano nos depósitos, aguardando as condições ideais para seu desenvolvimento. “Os centros urbanos brasileiros possuem características ambientais propícias para seu desenvolvimento, com condições climáticas ideais de temperatura e chuvas, além das grandes aglomerações criarem muitos resíduos para a reprodução do inseto”, reforçou.
Entre os depósitos predominantes, vasos e frascos com água, prato, pingadeira, recipiente de degelo de refrigeradores, bebedouros, pequenas fontes ornamentais encabeçaram a lista.
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Após quatro anos, em 1986, ocorreram epidemias no estado do Rio de Janeiro em algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.
Todas as faixas etárias populacionais são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.
Como evitar
A melhor maneira de evitar a dengue é combater a proliferação do mosquito, acabando com reservatórios de água parada. É necessário que cada um faça um trabalho constante de vigilância em sua residência.
A vacina contra a dengue também é uma maneira eficaz de prevenção da doença. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público universal. De acordo com o Ministério da Saúde, o público-alvo em 2024 são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina ainda não foi liberada pela Anvisa. No DF, esta população é estimada em 194 mil pessoas.
O Aedes aegypti mede menos de um centímetro e tem listras brancas no tórax, cabeça e pernas. Foto: Breno Esaki/Agência Saúde-DF. |
Sintomas
Entre os principais sintomas da dengue estão febre acima de 38°C, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.
Você sabia?
Existem insetos predadores naturais de formas imaturas e adultas do Aedes aegypti, como a libélula. Já alguns tipos de peixe predam as larvas, além de microcrustáceos.
Veja outras curiosidades sobre o mosquito:
· Dentro de casa o mosquito é mais encontrado em locais sombreados, com pouca circulação de ar.· Eliminar criadouros é algo que todos podem fazer em casa: trocar a água e esfregar as paredes de recipientes uma vez por semana, desobstruir calhas, virar garrafas com a boca para baixo, vedar tonéis e tampar caixas d’água, trocar a água que fica empoçada dentro das plantas (principalmente bromélias) no mínimo uma vez por semana.· O veículo “fumacê” passa quando existem casos comprovados de dengue no local com objetivo de bloquear a transmissão pelas fêmeas infectadas de Aedes aegypti. Os moradores devem abrir as janelas e portas para que o inseticida tenha maior eficácia.· A dengue não ocorre apenas no Brasil, há registro da doença em diversos países das Américas, além da África, Ásia, Austrália e Polinésia Pacífica.
Para mais informações, contate-nos pelo e-mail: entrevista.saudedf@saude.df.gov.br
Secretaria de Saúde do Distrito Federal | Assessoria de Comunicação