Nos últimos meses, o debate sobre a possível volta do horário de verão tem ganhado força no Brasil. A medida, que foi extinta em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro após vigorar por décadas, pode retornar em 2024, caso o governo federal decida reativá-la. A proposta desperta opiniões divergentes, tanto entre especialistas quanto entre a população, com prós e contras sendo apresentados por diferentes setores da sociedade.
Prós do horário de verão
Um dos principais argumentos a favor do retorno do horário de verão é a economia de energia elétrica. Com a mudança de horário, os dias parecem "mais longos", permitindo que a população aproveite a luz natural por mais tempo no final da tarde. Isso pode reduzir o consumo de energia elétrica, já que as luzes artificiais são ligadas mais tarde, especialmente em um momento de alta demanda energética e aumento das tarifas.
Outro benefício apontado pelos defensores da medida é o aumento na qualidade de vida. Ao ganhar uma hora extra de luz no fim do dia, muitas pessoas podem aproveitar melhor o tempo livre para praticar atividades ao ar livre, como esportes, passeios e reuniões sociais, favorecendo tanto a saúde quanto o convívio social. Esse benefício é amplamente sentido em regiões do Sul e Sudeste, onde o horário de verão costumava ser mais eficaz devido à duração dos dias.
Além disso, setores como o turismo, comércio e lazer podem se beneficiar, com o prolongamento das atividades ao ar livre, que ajudam a movimentar a economia em diversas áreas, como restaurantes, bares e eventos culturais.
Contras do horário de verão
Por outro lado, existem vários argumentos contrários ao retorno do horário de verão. Um dos principais pontos é que, nos últimos anos, estudos mostraram que a economia de energia gerada pela mudança de horário tem se tornado cada vez mais irrelevante. Isso ocorre, principalmente, porque o consumo de energia no Brasil tem mudado, com o uso crescente de aparelhos como ar-condicionado, que são intensificados nas tardes mais quentes, anulando a economia prevista.
Outra questão envolve o impacto na saúde e no bem-estar. Especialistas em cronobiologia destacam que a mudança no horário afeta o ciclo biológico das pessoas, causando distúrbios no sono, fadiga e aumento do estresse, especialmente nas primeiras semanas de adaptação. O desequilíbrio do relógio biológico pode prejudicar a produtividade no trabalho e a concentração, especialmente para quem já sofre com problemas de sono.
Além disso, algumas regiões do Brasil, como o Norte e Nordeste, sentem pouco ou nenhum benefício com a mudança de horário, já que a duração dos dias e noites varia pouco ao longo do ano. Para essas áreas, o horário de verão é mais um incômodo do que uma solução, e a medida poderia ser vista como ineficaz para a maioria do território nacional.
Uma decisão em debate
A volta do horário de verão ainda depende de uma decisão do governo federal, que pode considerar os novos dados sobre o consumo de energia e os impactos econômicos. Se aprovada, a medida deverá valer entre os meses de outubro e fevereiro, como era a prática anterior.
Enquanto o debate prossegue, a sociedade segue dividida entre aqueles que defendem os benefícios de uma hora extra de sol no final do dia e os que priorizam a manutenção de um ritmo mais natural e alinhado ao ciclo biológico. A decisão, seja ela qual for, certamente terá impacto no cotidiano de milhões de brasileiros.