Doutora e docente do curso de Engenharia Ambiental do UniBH, Elizabeth Rodrigues, destaca que comportamento humano pode potencializar eventos climáticos extremos
Janeiro de céu encoberto na capital mineira. Com chuvas em todos os dias de 2025, Belo Horizonte já registrou, em apenas 7 dias, 40% do volume esperado para o mês de janeiro. O acumulado alcançou 154 mm na região Noroeste de BH – o que representa 46,5% da média prevista – enquanto as regionais Centro-Sul, Oeste e Barreiro também passaram de 40% do volume esperado para o mês.
Mas afinal, a que podem ser atribuídos eventos tão repentinos e potencialmente desastrosos? Um dos grandes agentes destes efeitos é o panorama de mudanças climáticas percebido em todo o planeta. Em pesquisa sobre o impacto das Mudanças Climáticas desenvolvida pelo Instituto de Potsdam, o aquecimento global, provocado pela elevação da emissão de gases de efeito estufa, aumentou significativamente a possibilidade de acontecerem chuvas muito acima do esperado. Os maiores aumentos ocorrerão em regiões tropicais, como no Brasil, e sobretudo devido ao ar quente, que pode conter mais vapor de água.
As mudanças climáticas não deixarão apenas os dias mais quentes em todo o país. Durante o verão, calor forte e elevados índices pluviométricos coexistem no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Com o aumento das temperaturas, intensifica-se a evaporação e os níveis de umidade em algumas regiões, tornando esses locais mais propensos a tempestades. A ação humana, por sua vez, tem papel importante no aumento ou mitigação dos eventos climáticos extremos. É o que explica a doutora e professora do curso de Engenharia Ambiental do UniBH, Elizabeth Rodrigues.
“As mudanças climáticas estão atreladas ao comportamento humano, desde a forma como é feito o uso e ocupação do solo – como descartes de resíduos incorretos e desmatamentos irregulares, uma vez que alterações no clima e nos aspectos meteorológicos são afetados por nossas ações –, bem como por situações naturais do ambiente. Para tanto, o mais complexo atualmente é disciplinar o cidadão quanto à conscientização ambiental e a gestão pública e privada sobre focar em tecnologias sustentáveis e ambientalmente corretas”, conta.
De acordo com a ONU, as mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima, que podem ser naturais, como as que ocorrem por meio da variação do ciclo solar, ou provocadas por atividades humanas – tendo como exemplo a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) e a emissão de gases de efeito estufa oriunda dela.
Num panorama mundial, o aumento da temperatura altera o ciclo de evaporação da água, estimula o degelo nas regiões mais frias e afeta a emissão de radiação de calor na Terra. Tudo isso tende a potencializar a formação de chuvas, que podem se tornar mais frequentes, se não, mais destrutivas e menos previsíveis.
Para fazermos a nossa parte, a professora destaca que pequenas ações no dia a dia podem ajudar a mitigar as emissões. Produzir menos lixo e evitar produtos com muita embalagem e itens plásticos – uma vez que a decomposição em lixões e aterros sanitários produzem dióxido de carbono e metano –, substituir o transporte particular pelas bicicletas ou transportes públicos, reduzindo as emissões, “são coisas simples do cotidiano que podem ser feitas para melhorar a qualidade do ar, aumentar a vida útil de aterros e não expandir a sua ocupação”, conclui.