Com mais de 25 anos de experiência e uma formação que une ciência e sensibilidade, a nutricionista Andreia Torres explica como nutrientes podem influenciar o humor, o sono, a ansiedade e até o TDAH e o autismo

A alimentação vai muito além de calorias e dietas. Para a Dra. Andreia Torres, nutricionista com mais de duas décadas de experiência clínica e acadêmica, incluindo mestrado em Nutrição Humana, doutorado em Psicologia Clínica pela UnB em parceria com Harvard, e pós-doutorado em Saúde Coletiva, o que colocamos no prato tem impacto direto sobre nossas emoções, comportamentos e até mesmo no funcionamento do cérebro. Especialista em Neuronutrição, Andreia é referência no Brasil e no exterior quando o assunto é a interface entre alimentação e saúde mental. Ela destaca que "o cérebro é um órgão que exige muita energia e nutrientes específicos para funcionar bem", e explica como desequilíbrios na dieta podem levar a distúrbios como depressão, ansiedade e insônia.
Nesta entrevista, ela esclarece quais alimentos favorecem ou prejudicam o bem-estar emocional, como a nutrição pode auxiliar em condições como TDAH e TEA (Transtorno do Espectro Autista), além de comentar sobre a eficácia de suplementos como 5-HTP, triptofano, magnésio e ômega-3. A abordagem da Dra. Andreia une ciência e cuidado humano — uma combinação essencial para quem busca saúde de verdade. Confira:
Qual é a relação entre alimentação e saúde emocional? Como o que comemos impacta diretamente no nosso bem-estar mental?
Andreia Torres: O cérebro é um órgão que exige muita energia e nutrientes específicos para funcionar bem. A alimentação influencia a produção de neurotransmissores como serotonina, dopamina e GABA — todos fundamentais para regulação do humor, do sono e da ansiedade. Uma dieta pobre em nutrientes pode levar à inflamação sistêmica e à disbiose intestinal, fatores associados a transtornos mentais.
Há alimentos que podem piorar ou favorecer quadros como ansiedade, depressão ou insônia?
Andreia Torres: Com certeza. Podem piorar: açúcares, alimentos ultraprocessados, cafeína em excesso, álcool, gorduras trans. Podem melhorar: alimentos ricos em triptofano (carnes, ovos, banana, aveia), fontes de ômega-3 (salmão, sardinha), magnésio (vegetais verde escuros, sementes), zinco, selênio (castanhas), chás calmantes.
Como a nutrição pode ajudar no tratamento de pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)?
Andreia Torres: A alimentação pode ser uma aliada na regulação da impulsividade, atenção e hiperatividade. É importante evitar corantes artificiais, açúcar e aditivos e suplementar DHA
No caso do autismo (TEA), que tipo de acompanhamento nutricional é indicado e por quê?
Andreia Torres: Existem vários subgrupos de pessoas no espectro autista e cada um deles responde ao seu modo. De forma geral, é mais frequente a seletividade alimentar, alergias/intolerâncias e distúrbios gastrointestinais. O acompanhamento nutricional é essencial para garantir o aporte adequado de nutrientes e avaliar a necessidade de exclusão de alimentos mais alergênicos e inflamatórios. Existem nutricionistas especialistas em terapia alimentar que trabalham a questão das texturas e apresentação dos alimentos para estimular novas aceitações.
E sobre distúrbios do sono — há nutrientes ou hábitos alimentares que favorecem uma boa noite de descanso?
Andreia Torres: O sono é muito influenciado pelas nossas rotinas, incluindo hábitos alimentares. Alguns nutrientes são chave para uma boa noite de descanso, como magnésio, triptofano, vitamina B6 e B12. Reduzir o consumo de cafeína após o almoço e fazer refeições mais leves à noite também ajuda bastante.
Quais são os nutrientes mais importantes para a saúde do cérebro?
Andreia Torres: O cérebro é um órgão complexo. Produz muitos neurotransmissores e neuromoduladores a partir de nutrientes como aminoácidos, vitaminas do complexo B (colina, B6, B9, B12) e cofatores como zinco, ferro e magnésio. Além disso, a qualidade das membranas do cérebro também influencia muito a saúde do órgão e capacidade de neurotransmissão. Nutrientes como ômega-3 e antioxidantes não podem faltar.
O uso de suplementos é sempre necessário ou uma boa alimentação já é suficiente?
Andreia Torres: Idealmente a alimentação deveria dar conta. Mas, infelizmente as carências nutricionais são muito comuns, dentre elas, ferro, zinco, B12, vitamina D, ômega-3, magnésio. Mas é importante uma avaliação individualizada, até porque existem muitos polimorfismos genéticos que podem atrapalhar a absorção ou uso destes e outros nutrientes.
Como você vê o papel de substâncias como o 5-HTP, o triptofano, magnésio e ômega-3 nesses casos?
Andreia Torres: 5-HTP é precursor direto da serotonina e bastante útil em casos de ansiedade leve a moderada, insônia e depressão. O triptofano encontrado nos alimentos é convertido no 5-HTP, com a ajuda de vitamina B6, magnésio, ferro e oxigênio. O magnésio é cofator de muitas enzimas e eficaz para o tratamento da insônia, ansiedade e TPM. Já o ômega-3 é um importante antiinflamatório. Sabemos que muitas doenças neurológicas e transtornos mentais associam-se à neuroinflamação, que precisa ser combatida até para que outras estratégias, como a medicação, façam melhor efeito.
Sobre a Farmacotécnica - Prestes a completar 50 anos, a Farmacotécnica é a primeira farmácia de manipulação do Distrito Federal e uma das primeiras no Brasil. Se destaca pela inovação e qualidade de seus produtos, oferecendo soluções personalizadas e eficazes para a saúde e bem-estar de seus clientes. Com um compromisso contínuo com a pesquisa e desenvolvimento, a rede brasiliense, com sete lojas no DF, busca sempre oferecer o que há de mais moderno e eficiente no mercado farmacêutico.