Mostra reúne obras de mais de 100 artistas urbanos, numa iniciativa do projeto Circuito Arte Não é Privilégio
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Cerca de 1 mil m² de muros e paredes da Favela Sol Nascente, a maior comunidade do Brasil em número de domicílios, foram transformados numa verdadeira galeria de arte a céu aberto, com obras de mais de 100 artistas do DF. Esta iniciativa marca a primeira etapa do projeto Circuito Arte não é Privilégio, idealizado pelo Céu – Museu de Arte a Céu Aberto, criado pelo “artivista”, produtor cultural paulista e conselheiro do Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico (CCPM) do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram – MinC), Kleber Pagu.
A proposta do circuito é transformar as periferias e áreas centrais degradadas de 27 capitais brasileiras em verdadeiros museus de arte urbana.
O local escolhido para a exposição — um campo de futebol e as casas do entorno — ganhou novas cores, com obras que dialogam com o cotidiano, as lutas e os sonhos da população local. “Ficamos muito felizes porque não apenas os artistas participaram desta transformação, também vimos moradores pintando suas casas, arrumando paredes, nos auxiliando na limpeza e manutenção da praça”, comemora Kleber Pagu. Ele completa, ressaltando que “também plantamos 20 mudas de árvores frutíferas e plantas ornamentais, as crianças participaram de oficinas e pintaram o chão da praça. Foi um dia muito especial, recebemos cerca de 100 artistas de várias regiões do DF, como a Ceilândia e o Sol Nascente”.
Artistas de Brasília – É importante salientar que a exposição é um desdobramento da primeira fase do Circuito, que levou os articuladores culturais de Brasília, Gilmar Satão e Andréia Santos, para uma série de oficinas formativas na sede da Funarte na capital paulista, em novembro passado. O projeto integra o Circuito Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça 2023 e prevê, ainda neste ano, mais duas ações como essa, nas cidades de Salvador e Belém.
“É um encontro que traz a arte à comunidade Sol Nascente, transformando paredes numa galeria a céu aberto, com a colaboração dos próprios moradores. É muito importante esta união de artistas e moradores e espero que essa junção se perpetue”, destaca o artista Gilmar Satão. Já Andréia Santos ressalta que “no convívio com os moradores pudemos perceber que falamos a mesma língua, eles se manifestam das mais diversas formas por meio de sua arte”, celebra a artista Andréia Santos.
Já a artista convidada do DF, Naiana Nati, enfatiza que “o projeto é importante para o intercâmbio entre os artistas e para podermos estar dentro deste circuito, um museu a céu aberto onde as pessoas podem conferir nossos trabalhos e interagir na comunidade”.
Por fim, Kleber Pagu destaca a relevância do projeto como linguagem de resistência, transformação social e afirmação de identidades. “Mais do que uma mostra artística, o projeto reafirma o papel da arte urbana e das comunidades como agentes de transformação social, valorizando memórias, tensionando desigualdades e convidando à reflexão sobre o direito à cidade, o pertencimento e a construção de futuros possíveis”.
SERVIÇO
Exposição Circuito Arte Não é Privilégio - DF
Local: SHSN, Chácara 87 – Campo Sintético, Sol Nascente (DF)